Após trazer à lembrança dos cristãos a
mensagem original que eles ouviram, João prossegue na escrita da carta
apresentando um novo motivo "...estas coisas vos escrevo para que não
pequeis..." I Jo 2. 1. Compare com: "Estas coisas vos escrevemos, para
que a vossa alegria seja completa" I Jo 1: 4.
S. E. McNair, em A
Bíblia Explicada, escreveu o seguinte: "'Se dissermos
que estamos sem pecado, enganamo-nos' (v. 8). O crente no seu primeiro amor,
pode pensar que não mais existe nele essa tendência para insubmissão à vontade
divina que se chama 'pecado', mas o apóstolo explica que tal pensamento é
engano: a tendência ainda existe, mas os pecados (os frutos
dessa má árvore, o pecado) podem ser purificados, perdoados, e também
evitados" (grifo nosso) S. E. McNair, A Bíblia Explicada, 4º
Ed. RJ, CPAD, 1983, Pág. 488.
É pertinente a
observação de McNair sobre o versículo oito? Se analisarmos o versículo da
mesma maneira que McNair, chegaremos a mesma conclusão de que o crente
permanece no pecado.
João efetivamente escreveu
que o crente permanece no pecado? O versículo demonstra efetivamente que a
tendência para o pecado ainda existe no crente?
Observe que McNair
deixou de observar que, ao escrever o verso 8, o apóstolo João estava fazendo
referência à mensagem que ele ouviu de Cristo "Esta é a mensagem que dele
ouvimos, e vos anunciamos..." (v. 5). Deixou de considerar que o verso 8 é
parte essencial da mensagem que João retransmitiu aos cristãos quando ainda
eram descrentes.
Deixou de observar a
proposição inicial da mensagem: "Deus é luz, e nele não há trevas
nenhuma" (v. 5). Se em Deus não há trevas nenhuma, como conciliar a idéia
de que o cristão, ainda maculado pelo pecado, obteve comunhão com Deus? Que
comunhão pode ter a luz com as trevas?
Deixou de considerar
que aquele que é nascido de Deus não peca, ou melhor, não peca porque a semente
de Deus permanece nele Jo 3: 9. Como alguém nascido de Deus pode ter tendência
para o pecado? Como alguém nascido de Deus (gerado de novo), da semente
incorruptível, pode permanecer sendo uma má árvore?
Deixou de considerar
que a má árvore é cortada e lançada no fogo. Deixou de considerar que o
problema esta na árvore, e não nos frutos. É a árvore (homem) que produz os
frutos segundo a sua espécie (bom ou mau). É possível recuperar os frutos da má
árvore?
Jesus mesmo disse que
é impossível a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos
bons Mt 7: 18- 19. Percebe-se que, além de arrancar o verso 8 do contexto, ele
não foi feliz ao tentar aplicar a parábola das duas árvores ao tema em questão.
McNair deixou de
considerar que a natureza da árvore (boa ou má) é determinada através da
semente que lhe deu origem. Se a árvore é nascida da semente corruptível de
Adão, a sua natureza é má e todos os seus frutos são segundo a sua espécime. Ou
seja, a natureza da árvore é determinada no nascimento, e não pelos seus
frutos. O fruto somente permite conhecer o tipo de árvore que nos deparamos.
Perceba que os
nascidos da semente incorruptível, que é a palavra de Deus, produzem frutos
segundo a sua espécie. Somente o novo nascimento é capaz de produzir bons
frutos.
O fruto não é
atrelado às questões comportamentais. Antes, o fruto diz daquilo que o homem
professa acerca de Cristo. Se ele professa que Cristo é o verbo de Deus, que
veio em carne, e que morreu para dar vida aos homens, tudo conforme as
escrituras, este fruto (dos lábios) é bom. se o homem professar qualquer coisa
diversa do que a bíblia nos demonstra, este fruto não é bom.
Percebe-se que o
fruto dos lábios se faz acompanhar de boas obras e boas ações Hb 13: 15; Mt 7:
16. Aquele que confia em Deus professa a sua fé, as suas obras passam a serem
feitas em Deus Jo 3: 21; Ef 2: 10, e procura se cercar de boas ações no seu
dia-a-dia.
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